08/11/2015 as 21:51:21 | por Assessoria |
Professores que participaram do curso oferecido pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) em parceria como o Comitê Paralímpico Brasileiro, agora conseguem entender melhor as dificuldades do deficiente físico. A compreensão também vem acompanhada do desejo em trabalhar as potencialidades de cada estudantes deficiente, e assim, de fato, promover a inclusão desses alunos. No entanto, a aclamação foi por cursos mais extensos.
“Todos têm condições de participarem das atividades, sejam eles deficientes físicos, cerebrais, visuais, auditivos ou mudos. As demonstrações apresentadas pela equipe profissional do Comitê Paralímpico são de que é possível trabalhar mesmo com aquele aluno mais comprometido”, salientou Cristiane Amorim, da gerência de Educação Especial da Seduc.
Ela acompanhou a turma de quase 50 professores de educação física da rede pública de ensino de Cuiabá e Várzea Grande, além de representantes dos Centros de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica do Estado de Mato Grosso (Cefapros), que fizeram o primeiro dos muitos cursos que serão realizados durante os cinco anos da parceria. A programação foi desenvolvida por preparadores físicos da Academia Brasileira Paralímpica durante os dias 28, 29 e 30 de outubro no ginásio da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Com a proposta de oferecer aulas diferentes, os participantes tiveram uma noção do trabalho na prática, a exemplo de experiências desenvolvidas com deficientes físicos mostradas em vídeos. Em determinado momento do curso, os então ‘alunos’ realizaram simulações esportivas com os olhos vedados, como se fossem cegos.
Para Anny Viscardi, uma das participantes, o objetivo do curso foi cumprido. O que faltou, acredita, foi tempo. “A dinâmica associada a prática deu movimento ao curso. Foi, sem dúvida, muito bom. Mas seria bacana se fosse mais duradouro. Como a turma não era muito grande, houve uma reestruturação na programação de modo que todos participaram das três modalidades, atletismo, bocha e natação. Se fosse mais longo poderíamos absorver melhor”, explicou.
O fato é que a proposta contou com o envolvimento da turma, de modo, que “deu para entender a questão da potencialidade do deficiente”, frisou Anny, que trabalha com deficientes visuais e auditivos no Centro de Apoio e Suporte à Inclusão da Educação Especial (Casies). Ela revelou ainda que foi esclarecedor mesmo para ela, que já tem experiências com deficientes. “Tive a oportunidade de ter uma perspectiva de outras deficiências”.
O que acontece, segundo Anny, é que o professor tem medo de trabalhar com o novo e a proposta abordada pela Academia Paralímpica Brasileira foi com uma visão voltada para a área escolar, não visando treinamento de auto rendimento, como o que estão acostumados a desenvolver. Embora sejam profissionais que atuam diretamente com atletas profissionais, mostraram a realidade da escola.
Para Onézio Gonçalves, que trabalha com deficientes visuais na Associação Mato-grossense dos Cegos, apesar de ter se inscrito na modalidade atletismo, viu a bocha como uma grande possibilidade. “Acho que ninguém conhecia, foi o primeiro contato com a bocha. Faltou tempo para os desdobramentos, não tivemos a prática, mas é muito interessante”, destacou.
Ele também esperava mais conteúdo em relação ao atletismo, detalhes de como correr, conduzir e guiar o deficiente visual, por exemplo. “Acredito que nos próximos cursos isso seja mais trabalhado. Já temos noções do quanto o curso é interessante, os professores são muitos bons. Precisa ampliar o tempo, tudo foi muito rápido”.
Na verdade, foi passada uma visão macro, de como lidar com os alunos deficientes. E de fácil compreensão até para os professores que nunca atuaram com esse público. O foco, segundo o coordenador de Educação Especial da Seduc, Marcino Benedito de Oliveira, é dar conotação aos deficientes para que possam viver com dignidade.
“Todos são capazes, basta instiga-los e despertar as suas potencialidades. O esporte ajuda a promover a autoestima, a socialização e assim, faz com que se sintam muito bem. E o professor tem papel fundamental nesse processo, ele é o canal para que a inclusão aconteça”, frisou.
Nessa mesma linha de pensamento segue a professora Anny, que afirma que hoje o aluno deficiente está agregado a turma na escola, não inserido. “Inserir é criar oportunidades para que ele participe das atividades”, definiu.
Atletismo e bocha
Estimativas da Coordenadoria de Educação Especial da Seduc são de que pelo menos quatro cursos do tipo serão realizados em 2016. A parceria firmada pela com o Comitê Paralímpico Brasileiro, segundo Marcino Benedito, não limita as ações. O acordo é para capacitar multiplicadores para trabalharem melhor em suas respectivas unidades escolares com o público que tem alguma deficiência.
No entanto, conforme pontuou Rosicler Ravache, da Academia Brasileira Paralímpica, as modalidades de atletismo e bocha devem ganhar maior destaque em virtude de que a natação depende de piscinas e não são todas as escolas que tem esse espaço.
Outra novidade nos próximos cursos será em relação à ampliação, para abranger os professores de educação física que atuam nas escolas do interior. O tempo também será melhor distribuído.
“Estamos estudando a inclusão do projeto no Plano de Trabalho Anual (PTA) do próximo ano, para assim podermos oferecer o curso com a toda a logística necessária para a realização”, pontuou o coordenador.