14/08/2021 as 18:27 | por Redação/assessoria |
É uma cena típica entre bons amigos. A primeira-dama da Argentina, Fabiola Yánez, comemora seu aniversário com o presidente, Alberto Fernández, e uma dezena de pessoas. Na grande mesa da sala, pode-se ver os restos de um jantar e flores. Todos sorriem para a câmera. Um cartão postal muito normal, mas registrado em tempos anormais. Porque a foto é datada de 14 de julho de 2020, quando os argentinos mal podiam sair de suas casas e os encontros sociais eram proibidos pela covid-19. A quarentena foi na época uma das mais rígidas da região, e as evidências da reunião agitaram a campanha eleitoral para o Legislativo de novembro. O Governo reconheceu que a reunião “foi um erro” e “não devia ter acontecido”. A oposição prepara um pedido de impeachment contra o presidente.
Em 20 de março do ano passado, o presidente Fernández confinou os argentinos.A covid-19 ainda era uma ameaça circulando na Ásia e na Europa. Com uma quarentena muito rígida, o Governo conseguiu conter os contágios, ao mesmo tempo em que acrescentava leitos de UTI em hospitais e comprava respiradores enquanto esperava a grande onda. No início da quarentena, a oposição criticou os confinamentos e promoveu protestos, enquanto o presidente lembrou que o decreto que trazia sua assinatura estabelecia prisão para quem não respeitasse o confinamento. Circulação, vigília, viagens dentro e fora do país foram proibidas e negócios não essenciais fecharam suas portas. As restrições estavam em vigor há 13 meses, quando a esposa de Fernández convidou suas amigas para a residência oficial e comemorou seu aniversário. “No dia 14 de julho, aniversário da minha querida Fabiola, ela convocou uma reunião com as amigas e um brinde que não deveria ter sido feito”, disse Fernández nesta sexta-feira, durante evento público. “Eu definitivamente percebo que não deveria ter sido feito. E sinto muito que tenha acontecido. Eu claramente me arrependo “, ele insistiu.
A divulgação da fotografia teve precedente no dia 11 de junho. Nesse dia, a ONG Poder Ciudadano, capítulo local da Transparência Internacional, publicou como dados abertos a lista oficial de receitas para a residência de Olivos em 2020 e 2021. Fernández justificou a peregrinação das pessoas às necessidades da gestão: “Fiquei trabalhando em Olivos por recomendação dos médicos, mas Olivos se tornou uma cidade. Havia governadores, deputados, ministros, secretários, empresários, jogadores de futebol, atores, atrizes, gente que tinha problemas e precisava ser ouvida. Vivi todo esse tempo em grande vertigem, vertigem que me fazia ter encontros com centenas de pessoas“.