26/11/2015 as 00:00:00 | por Sinval Campelo |
A cidade de Itaiópolis é a que mais desmatou áreas verdes em Santa Catarina nos últimos 14 anos (2000-2014). Mafra e Santa Cecília ocupam as duas posições seguintes. Canoinhas está na nona posição, entre Papanduva (8º) e Monte Castelo (10º).
Lançado na semana passada pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica traz os dados mais recentes sobre a situação de cidades do Estado de Santa Catarina.
O município de Bom Jardim da Serra foi a cidade catarinense que mais preservou o bioma no período de 2000‐2014, com 93% de vegetação natural, em comparação com a área original – o que a coloca na terceira posição no ranking nacional de preservação. Já a capital do Estado, Florianópolis, é a segunda capital com maior área proporcional de vegetação natural do país, com 25%. A vegetação natural inclui, além das florestas nativas, os refúgios, várzeas, campos de altitude, mangues, restingas e dunas.
O estudo, com patrocínio de Bradesco Cartões e execução técnica da empresa de geotecnologia Arcplan, apresenta ainda um consolidado dos últimos 14 anos.
Segundo aponta o relatório, nos últimos 14 anos, Itaiópolis suprimiu 5.805 hectares de vegetação nativa. Neste ano, os dados atualizados e o histórico das cidades abrangidas pela Lei da Mata Atlântica poderão ser acessados no hotsite ‘Aqui Tem Mata’, que será lançado nesta semana e apresentará de forma simples e interativa as áreas remanescentes de Mata Atlântica no país. Com opções de busca por localidade, mapas interativos e gráficos, a ferramenta está disponível para web, tablets e celulares, permitindo que os dados estejam acessíveis a qualquer usuário e possam ser reutilizados com finalidades de educação e defesa da proteção da floresta. “A SOS Mata Atlântica lança o ‘Aqui tem Mata’ com o objetivo de tornar mais acessíveis os dados e o histórico das cidades que são abrangidas pelo Mapa de aplicação da Lei da Mata Atlântica. A partir de uma ferramenta de fácil visualização, qualquer pessoa poderá saber como seu município tem conservado o bioma mais ameaçado do Brasil. Ampliar o conhecimento sobre o assunto e torná‐lo mais próximo do dia a dia é uma forma eficiente de incentivar a participação de todos na proteção do que resta de Mata Atlântica no país”, afirma Marcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica.
NACIONAL
Atualmente, a Mata Atlântica é a floresta mais ameaçada do Brasil, com apenas 12,5% da área original preservada. O ranking de desmatamento do Atlas dos Municípios, com dados de 3.429 cidades brasileiras, é encabeçado pela cidade piauiense de Eliseu Martins, que teve supressão vegetal de 4.287 hectares (ha) no período entre 2013 e 2014. Por outro lado, outras duas cidades desse Estado, Tamboril do Piauí e Guaribas, lideram a lista das cidades mais conservadas, com 96% da vegetação natural.
No recorte do período 2000‐2014, a cidade campeã de desmatamento no Brasil é Jequitinhonha, com 8.708 hectares desmatados. Com base em imagens geradas pelo sensor OLI a bordo do satélite Landsat 8, o Atlas da Mata Atlântica, que monitora o bioma há 29 anos, utiliza a tecnologia de sensoriamento remoto e geoprocessamento para avaliar os remanescentes florestais acima de 3 hectares (ha). “Foram anos de trabalho para que pudéssemos consolidar uma base temática (mapa) que permite atualizações anuais consistentes. A possibilidade de o cidadão comum poder acompanhar a dinâmica da cobertura florestal do município onde reside é, sem dúvida, a materialização de uma intenção que tivemos no passado”, afirma Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo INPE.
PLANO MUNICIPALnval
Planos municipais da Mata Atlântica Um dos instrumentos mais eficientes para que os municípios façam a sua parte na proteção da floresta mais ameaçada do Brasil é o Plano Municipal da Mata Atlântica, que reúne e normatiza os elementos necessários à proteção, conservação, recuperação e uso sustentável da Mata Atlântica. Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, reforça que o plano traz benefícios para a gestão ambiental e o planejamento do município. “Os Planos Municipais da Mata Atlântica materializam as leis do bioma Mata Atlântica. Com novas competências de gestão ambiental, o PMMA é importante para desenvolver políticas de meio ambiente localizadas, pois é uma legislação que pactua com a própria comunidade local e a sociedade, diferentemente das demais leis do país”, afirma Mario.
OS MAIORES DESMATADORES DE SC
MUNICÍPIO | ÁREA DO MUNICÍPIO | % BIOMA | DESMATAMENTO 2000-2014 | VEGETAÇÃO NATURAL | % VEGETAÇÃO NATURAL | |
1º | Itaiópolis | 129.472 | 100% | 5.805 | 43.021 | 33,20% |
2º | Mafra | 140.455 | 100% | 3.913 | 22.574 | 16,01% |
3º | Santa Cecília | 114.648 | 100% | 3.251 | 14.715 | 12,80% |
4º | Rio Negrinho | 90.825 | 100% | 2.251 | 16.219 | 17,90% |
5º | Santa Terezinha | 71.672 | 100% | 1.734 | 33.003 | 46,00% |
6º | Passos Maia | 61.489 | 100% | 1.680 | 16.789 | 17,90% |
7º | Campos Novos | 172.033 | 100% | 1.677 | 23.635 | 13,70% |
8º | Papanduva | 75.988 | 100% | 1.467 | 19.505 | 25,70% |
9º | Canoinhas | 114.438 | 100% | 1.407 | 18.242 | 15,90% |
10º | Monte Castelo | 56.122 | 100% | 1.257 | 19.822 | 35,30% |
* em hectares | ||||||