O empresário de Porto Alegre Rodrigo Lopes esteve, no último mês de maio, em Morro de São Paulo com a esposa e amigos pela primeira vez. A ideia era aproveitar o paraíso baiano por sete dias, mas eles tiveram que interromper a viagem com apenas quatro dias após passarem muito mal devido a uma comida que consumiram em um ambulante.
“Eu e a minha esposa comemos um churrasquinho com pão que compramos em um ambulante na Segunda Praia. Como o sabor estava meio diferente, eu falei para ele, mas ele disse que era o tempero local. Logo depois, tivemos diarreia, vômitos e um mal estar geral. Meu primo e a esposa também passaram mal, pois comeram no mesmo ambulante. Preocupados com a nossa saúde, decidimos ir para Salvador para ter assistência em caso de necessidade”, contou Lopes.
Ele explica que leva a experiência como aprendizado, pois queria ajudar os trabalhadores autônomos em tempos de pandemia e incerteza econômica, mas não voltará a consumir nada fora de hotéis e restaurantes devidamente inspecionados. “Pagamos a pousada por uma semana, mas ficamos apenas quatro dias. Só que com saúde não se contabiliza prejuízo”, destacou o empresário. Ele garante que, mesmo com esse episódio ruim, pretende voltar e aproveitar Morro de São Paulo em uma nova oportunidade.
Um dono de hotel que prefere não se identificar por medo de represálias disse que a Prefeitura de Cairu não realiza fiscalizações sanitárias ou organiza os ambulantes. “Eles [ambulantes] fazem o que querem na praia, andam com cardápios de cozinhas que ninguém sabe onde ficam. A minha é vistoriada pela Vigilância Sanitária, mas e a deles? Essa situação prejudica a saúde, o turismo e a economia local, espanta os turistas. É um caso que precisa da polícia e da prefeitura atuando”, reclamou o empresário.
A Associação Comercial e Empresarial de Cairu (ACEC) defende que exista uma ordenação dos ambulantes e dos empresários quanto ao uso do espaço público. Além disso, ressalta que, qualquer venda de alimento sem as condições mínimas de higiene sanitárias exigidas, deve ser coibida pelas autoridades responsáveis.
A prefeitura de Cairu alegou que, desde o início da atual gestão, tem atuado no ordenamento dos ambulantes e dos demais serviços ofertados no Arquipélago. Contudo, apontou que o governo anterior deixou, em matéria de organização, “um déficit significativo que vem sendo sanado ao longo desses seis meses”.
“A dificuldade é grande, uma vez que a crise da pandemia impede a implantação de todas as medidas necessárias. É importante citar que a equipe de Vigilância Sanitária do município segue atuando no cumprimento das normas de restrição à disseminação da COVID-19, bem como no cumprimento das demais normas sanitárias, inclusive nos serviços dos bares e restaurantes e dos ambulantes”, afirmou a gestão.
A prefeitura acrescentou que a Secretaria de Saúde tem promovido campanha de conscientização e orientação, fiscalização dos decretos sanitários, além da distribuição de máscaras. “Estamos vacinando a população, fazendo a busca ativa nos bairros, inclusive cumprindo todas as metas, como também estamos acima da média brasileira. Nossa unidade de saúde conta com médico e equipe de emergência 24 horas, além de todo o apoio logístico que o paciente pode necessitar. Podemos citar que foi realizado o recadastramento dos ambulantes. Uma outra ação importante, que está em vias de implantação, é o encerramento dos lixões a céu aberto em todas as ilhas. Assim, estamos trabalhando para avançar em organização e oferta de serviços de qualidade no Arquipélago”, finalizou.