29/07/2015 as 00:00:00 | por Instituto Albert Einstein |
Na terceira idade, a prática sexual tem lá suas diferenças, mas continua fazendo bem, oferecendo prazer e sensação de bem-estar.
Cerca de 50% das pessoas acima de 60 anos – casadas ou que têm parceiros sexuais - relatam a prática de sexo a cada 15 dias mais ou menos. "Além do sexo como o conhecemos, uma carícia, um toque ou uma troca de intimidades, muitas vezes, é sensual e tem o mesmo grau de prazer na terceira idade que o sexo tradicional tem para o jovem", explica o geriatra do Einstein, Dr.
Fabio Nasri. "As pessoas se esquecem de que os mais velhos continuam tendo desejos, projeções, fantasias e afeto, que muitos jovens, inclusive, estão perdendo", diz. A terceira idade Em países mais jovens e menos desenvolvidos, são consideradas da terceira idade as pessoas acima de 60 anos - é o caso do Brasil.
Nos mais desenvolvidos e com uma população mais velha - como os Estados Unidos e os países europeus, aquelas acima de 65 anos. Uma nova revolução O surgimento do famoso medicamento azul para disfunção erétil, em 1998, provocou uma nova revolução sexual - essa repleta de possibilidades para os integrantes da terceira idade. O medicamento pegou muitos casais de surpresa. Vários deles não praticavam o sexo há um bom tempo.
Com a novidade, os homens sentiram-se dispostos a procurar por suas mulheres novamente, que nem sempre estavam preparadas para recomeçar uma vida sexual ativa. Como se sabe, as mulheres tendem a cuidar mais da saúde do que os homens porque visitam seus médicos regularmente. Depois deste medicamento, o sexo tornou-se novamente um assunto em pauta no consultório. Para aquelas interessadas em recomeçar uma vida sexual com seus parceiros, a questão da lubrificação vaginal é a dúvida mais comum.
E não há complicações: hormônios locais, aplicados em forma de cremes diretamente na vagina, possibilitam um retorno normal à prática sexual. Com o passar dos anos, um pesadelo que aterroriza alguns jovens vai deixando de ser um bicho de sete cabeças. Com a idade, os homens passam a demorar mais para ejacular e, por isso, a ejaculação precoce deixa de ser um problema.
Dificuldades e contraindicações Não há contraindicações para o sexo na terceira idade, apenas restrições temporárias como, por exemplo, para quem acabou de passar por uma cirurgia – as mesmas indicadas para qualquer idade.
Algumas dificuldades de um corpo mais maduro, porém, podem impedir ou atrapalhar a prática. Para as mulheres, dores reumáticas e incontinência urinária são as principais.
No segundo caso, aplicação de hormônio local pode conter o problema. No caso dos homens, hipertensão e complicações com a próstata são as principais chatices. Cerca de 50% dos que passaram dos 60 anos no Brasil são hipertensos; e os remédios para pressão tendem a diminuir a potência sexual.
A boa notícia é que já existem medicamentos com menos efeitos colaterais desse tipo. Pacientes com câncer de próstata que tiveram a produção de testosterona bloqueada podem ter dificuldade de ereção, assim como os que fizeram cirurgia para a retirada do órgão. Atualmente, porém, existem técnicas de extração da próstata que conseguem preservar, em alguns casos, os nervos responsáveis pela ereção.
Para pacientes com doenças coronárias ou problemas pulmonares, a indicação é que conversem com seus médicos e que realizem exames para avaliar a sua capacidade física. "No caso do coração, por exemplo, um teste ergométrico nos dá uma ideia de como o órgão se comportaria na hora do sexo", explica o médico.
Alerta Os medicamentos para disfunção erétil são contraindicados para pacientes com doenças das coronárias ou que tomam medicamentos vasodilatadores, já que eles mesmos são deste tipo, o que pode levar o paciente a sofrer uma vasodilatação excessiva. Frequência e orgasmo "É natural que, nessa faixa etária, a frequência sexual seja menor. Mas devemos considerar que a noção de sexo para eles é mais ampla.
Muitos se satisfazem com as carícias. Nessa fase existe uma desobrigação do orgasmo e, com menos expectativas, muitas vezes a relação fica mais prazerosa", afirma o geriatra.
Fertilidade na terceira idade Diferente da menopausa – fenômeno que encerra os ciclos menstruais e ovulatórios de uma única vez – a andropausa (que acontece nos homens) acontece gradativamente com o passar dos anos. Por isso, enquanto o homem produzir espermatozoides ele pode engravidar uma mulher.
A diferença é que a produção será cada vez menor e o caminho até o óvulo ficará mais difícil. Por esta razão, muitos casais de homens mais velhos com mulheres mais jovens procuram inseminação artificial quando optam por ter um bebê. Consenso é fundamental Com a menopausa, a queda na libido da mulher é natural e elas começam a procurar menos por seus parceiros.
Para elas, será cada vez mais importante sentirem a presença do homem, sua proximidade e suas carícias. "Nessa fase, especialmente se o homem toma algum medicamento para disfunção erétil ou continua sexualmente ativo, conversar e entrar em consenso é fundamental para não haver atrito entre os dois", recomenda o Dr.
Fábio Nasri. Ainda sem perspectiva de um medicamento para as mulheres, a utilização de testosterona no combate à perda de massa muscular e óssea tem se mostrado positiva para elas. O tratamento acaba ajudando no aumento da libido. Felicidade na terceira idade Considerando a história do ser humano, a terceira idade é praticamente uma novidade. A expectativa de vida no Brasil em 1900, por exemplo, era de 33 anos. Hoje, é de 75.
"Envelhecer é novo e muitos idosos ainda têm dificuldade de lidar com as perdas que vieram com o fim da chamada segunda idade, como a capacidade e a frequência sexual, a perda de amigos, de trabalho e até financeira", avalia o Dr. Nasri. "Aqueles que entenderem o seu envelhecimento e entrarem em consenso com as suas novas características, terão menos dificuldade em lidar com a sua terceira idade.
Já aqueles que não aceitarem, tentarão ter atitudes de jovens por acreditar que estarão envelhecendo menos. Mas envelhecer é natural e quanto mais cedo nos prepararmos, melhor será a nossa aceitação", conclui o médico.